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Aquicultura no Brasil A indústria de US $ 1 bilhão

por Patricia Moraes-Valenti

O artigo intitulado Aquicultura no Brasil:passado, presente e futuro¹ é publicado na revista Aquaculture Reports, que está disponível em acesso aberto, por isso está aberto a todos que desejam acessá-lo.

Ao combinar os dados de cinco bancos de dados oficiais com uma riqueza de informações contribuídas por 77 partes interessadas localizadas em todo o Brasil e empregadas em todas as etapas da cadeia produtiva, este artigo oferece um exame aprofundado do setor de aqüicultura do Brasil.

Não servindo apenas como um recurso inestimável para acadêmicos, este artigo de jornal também fornece percepções muito úteis para aqueles em uma ampla variedade de ocupações, incluindo gerentes do setor público e líderes empresariais.

O artigo discute todas as áreas do setor de aqüicultura no Brasil, de seus humildes primórdios em meados do século XVII na região Nordeste do país, até sua recente emergência como um sério competidor no estágio de produção da aqüicultura global.

Contudo, como atividade profissional, A aquicultura brasileira tem apenas meio século e começou com o cultivo de carpas no meio rural e espécies de peixes ornamentais no meio urbano.

Na verdade, foi apenas durante a segunda metade do século 20, que a cultura de organismos aquáticos comestíveis, como peixes, moluscos, camarões marinhos e de água doce, atraiu a atenção dos legisladores do Brasil, gestores de reservatórios de água, empresas hidrelétricas, pesquisadores e agricultores.

Essas experiências iniciais alavancaram a aquicultura no Brasil, com a atividade experimentando grande desenvolvimento e diversificação ao longo das décadas de 1990 e 2000. Durante este período, milhares de fazendas de aquicultura foram instaladas em todo o Brasil. Na verdade, dos 5.570 municípios brasileiros, 4198 relatam alguma forma de produção de aquicultura.

Como a indústria da aquicultura continuou a se expandir em todo o país, também se diversificou e atualmente são mais de 60 espécies de peixes e crustáceos produzidos para alimentação, enquanto mais de 250 variedades de peixes ornamentais e invertebrados também são amplamente cultivados. A produção anual está atualmente em cerca de 0,8 milhão de toneladas, o que equivale a mais de US $ 1 bilhão em comércio.

O mercado de pequenas espécies de peixes nativos para uso como isca também é significativo. Lambari (Astyanax lacustris) é a principal espécie produzida para atender a esse mercado. Embora seja cultivado em todo o país, a produção concentra-se nas regiões Sul e Sudeste, principalmente no estado de São Paulo.

Lambari é cultivado em pequenos lagos em pequenas fazendas, embora duas grandes fazendas estejam operando atualmente. A produção é estimada acima de 1, 000 toneladas por ano e é principalmente comercializado como isca, embora também seja encontrado em restaurantes como aperitivo.

Seu tamanho de mercado varia de seis a oito centímetros, mas alguns pescadores esportivos preferem lambaris menores, que têm entre três e cinco centímetros.

Independentemente do tamanho, o preço de portão da fazenda é de cerca de US $ 50 por mil, enquanto os autores afirmam que uma planta de processamento dedicada paga cerca de US $ 3,00 / kg e vende lambari congelado eviscerado e escalado para consumo humano.

Dada sua tolerância a águas salinas, o lambari da Mata Atlântica (Deuterodon iguape) está sendo considerado para uso como isca para a pesca do atum, declare os autores, que também acreditam que sua produção pode ser uma ferramenta importante para o desenvolvimento sustentável das populações rurais e uma fonte alternativa de renda para as comunidades que residem em áreas de conservação florestal.

Diferentes sistemas de aquicultura do Brasil

O artigo também destaca os vários sistemas de aquicultura do Brasil, bem como examinar as diferentes espécies cultivadas e métodos de produção.

Tradicionalmente, As fazendas de aquicultura no Brasil são classificadas de acordo com a área apreendida, com muito disso dependendo de unidades de pequena escala, com 95 por cento deles considerados muito pequenos, enquanto apenas 0,1 por cento são grandes.

As poucas grandes fazendas produzem camarão marinho, tambaqui / tambatinga ou tilápia, com uma estrutura semelhante usada por pequenas propriedades também encontradas nos principais países produtores de aqüicultura na Ásia.

Este critério pode ser adequado para sistemas de produção de tanques, que correspondem à maioria dos sistemas de produção brasileiros, mas não para outros sistemas de cultura, como a cultura net-cage, amplamente utilizado na produção de tilápia.

A gaiola de rede e outras fazendas de águas abertas podem ser classificadas de acordo com o volume efetivo usado para elevar os organismos ou incluir o volume de água para diluir os resíduos.

Ainda, como os autores apontam que, embora a aquicultura se fortaleça como atividade econômica para diversos produtores, a aquicultura de subsistência ainda é mantida no país, principalmente baseado em carpa, um grupo de peixes que faz pouco ou nenhum uso de insumos.

Essa produção nem sempre é incluída nas estatísticas e, Portanto, pode ser 'invisível' aos olhos da academia, indústria, e tomadores de decisão responsáveis ​​pelas políticas públicas do país.

A aquicultura brasileira é predominantemente de água doce

Atualmente, a aqüicultura no Brasil é predominantemente baseada em água doce, com mais de 200 mil fazendas de peixes e três mil unidades de produção de camarão marinho localizadas em todo o país sul-americano, enquanto algo em torno de 100 instituições de Pesquisa e Desenvolvimento de aqüicultura também operam no país.

Por causa da existência de tantos recursos, os autores acreditam que o Brasil possui um excelente potencial para o desenvolvimento da maricultura, que eles acreditam ser ainda apenas marginalmente explorado no momento.

Eles também afirmam que isso se deve, pelo menos em parte, à precisão questionável das estatísticas de pesca e aquicultura, que eram muito pobres no Brasil até recentemente, devido ao que os autores descrevem como um sistema de coleta de dados ineficiente. As informações sobre a produção da pesca marinha estavam fragmentadas e desatualizadas, enquanto os números das capturas no interior também foram amplamente subestimados.

Desde 2016, no entanto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) forneceu dados estatísticos oficiais sobre a aquicultura, que os autores consideram muito mais consistentes e precisos.

Paralelamente a esta iniciativa, Associação dos Produtores de Camarão (ABCCAssociaça ̃o Brasileira de Criadores de, 2019) e a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR, 2020) também começaram a apresentar estimativas de seus setores específicos, embora os números sejam ligeiramente diferentes dos dados oficiais do IBGE.

Considerando os dados fornecidos por associações de produtores e entrevistas com várias partes interessadas, os autores estimam que a produção em 2019 foi superior a 800, 000 toneladas, com quase metade da produção aquícola do país proveniente das regiões Sul e Sudeste, apesar das temperaturas mais frias prevalecentes. Os dois grupos mais comumente produzidos na aquicultura brasileira são as espécies de peixes de água doce, seguido pelo camarão marinho.

A produção aquícola de peixes de água doce para consumo humano totalizou cerca de 760, 000 toneladas em 2019, enquanto os dados oficiais (IBGE - Instituto Brasileiro de Geografa e Estatística, 2020) indica que era aproximadamente 530, 000 toneladas.

Nos últimos cinco anos, o aumento estimado na produção de peixes de água doce no Brasil foi de cerca de 25 por cento, enquanto o setor de peixes de água doce representa quase 90% da produção de aquicultura do país e 95% do número total de peixes cultivados.

Com produtores que ultrapassam três mil, a criação do camarão peneídeo é um setor bem organizado no Brasil. A produção é baseada na monocultura do camarão de perna branca do Pacífico, L. vannamei, normalmente cultivado em sistemas IFM em grandes lagoas, sendo a maioria produzida em fazendas nas regiões estuarinas do Nordeste, principalmente no Rio Grande do Norte e Ceará, onde sistemas semi-intensivos são comumente usados.

Várias fazendas do interior têm águas de baixa salinidade e obtêm uma taxa de sobrevivência de 60-80 por cento e tentativas de produzir camarão integrado à tilápia do Nilo, algas e moluscos filtrantes também apresentam resultados promissores.

Nos últimos anos, tem havido também um interesse crescente na intensificação que tem ocorrido em paralelo com uma tendência para a produção no interior, que é amplamente esperado irá minimizar o impacto ambiental.

Iniciativas de aquicultura de camarão

Outra espécie considerada pelos autores como tendo um impacto ambiental mínimo são os camarões de água doce. Acredita-se que os camarões de água doce possuem um grande potencial, pois vivem no fundo dos tanques e podem se alimentar de resíduos de outras espécies cultivadas.

Isso significa que nenhuma alimentação suplementar é necessária, com os únicos custos adicionais sendo aqueles relacionados à aquisição, gestão da colheita e pré-processamento.

O cultivo de camarões de água doce começou no Brasil na década de 1980, com alguns fazendeiros tradicionais ativos até hoje, com o estado do Espírito Santo é amplamente considerado o principal pólo de cultivo de camarão de água doce.

A produção depende de pequenas fazendas espalhadas por todo o país que produzem principalmente o camarão gigante de rio, M. rosenbergii, uma espécie asiática. No Brasil, esta espécie é popularmente conhecida como camarão da Malásia.

Contudo, depois de anos de secas severas, a produção diminuiu drasticamente. Hoje em dia, O Brasil possui pelo menos dez incubatórios comerciais que distribuem PL em todo o país, com crescimento realizado em tanques de terra de 0,1 a 0,5 ha.

A produção total total é estimada em cerca de 150 toneladas, que é vendido para atacadistas, revendedores, ou diretamente ao consumidor final. Alguns fazendeiros até vendem suas colheitas no portão da fazenda, enquanto outros entregam diretamente em restaurantes ou residências em diferentes partes do país.

De acordo com os autores, O Brasil sempre teve tradição em iniciativas de P&D relacionadas à aqüicultura de camarão de água doce. O grande grupo de especialistas tem fornecido o suporte necessário para estabelecer uma base sólida que tem permitido a produção de camarões de água doce em todas as fases do cultivo.

Os incubatórios também são pequenos, mas são amplamente considerados altamente lucrativos e operam com o auxílio de sistemas de recirculação.

Enfrentando um futuro incerto

Contudo, os autores sugerem que esses pequenos incubatórios enfrentam um futuro incerto, visto que o mercado oscilou muito no último ano. Essa turbulência não foi causada apenas pela desconexão da cadeia produtiva, porém, mas também pelas limitações climáticas trazidas pelo Sul e Sudeste durante o inverno.

O artigo também menciona que cerca de 20 por cento de todo o pescado consumido no Brasil é importado, gerando um déficit comercial de cerca de US $ 1,2 milhão. A maioria dos peixes importados são peixes marinhos.

Dito isso, o Brasil também tem um vasto mercado consumidor de peixes usados ​​para alimentação e iscas vivas para pesca, juvenis para repovoamento de ambientes naturais e organismos ornamentais.

Para ter uma visão mais completa da aquicultura no Brasil, recomendamos a leitura do artigo completo, que está disponível em:https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352513421000272) para prospectar sobre as possibilidades de interação com pesquisadores brasileiros, fazendas e demais stakeholders do setor.


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