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Bem-estar das aves na produção avícola:α-galactosídeos de soja na dieta têm um papel importante!

Bem-estar das aves em destaque em todo o mundo

Hoje em dia, o bem-estar das aves na produção avícola intensiva tornou-se uma questão central para as autoridades, produtores, e associações de consumidores nos mercados mais exigentes e, consequentemente, está ganhando cada vez mais relevância em todo o mundo. Assim, o National Chicken Council (NCC) dos EUA atualizou suas Diretrizes de Bem-Estar Animal e Lista de Verificação de Auditoria em 2017 para auxiliar os produtores e processadores de frango neste esforço. Essas diretrizes foram, de fato, amplamente adotadas pelos criadores de frangos americanos. Da mesma forma, em 2018, a Comissão Europeia emitiu um relatório sobre a aplicação da diretiva 2007/43 / CE, que estabelece regras para a proteção de frangos para produção de carne, confirmando ampla conformidade com esse regulamento em todos os estados membros da União Europeia. Com este espírito, também a indústria avícola brasileira e outros líderes na exportação de carne de frango estão trabalhando para manter os padrões que atendem às rígidas demandas americanas e europeias. Neste contexto em constante mudança, o grau de incidência de dermatite da planta do pé (FPD) em galinhas tornou-se, sem duvida, um indicador relevante de bem-estar animal em granjas avícolas.

Dermatite da planta do pé e cama molhada:a dupla inseparável

FPD é um distúrbio inflamatório com lesões necróticas na superfície plantar dos pés da ave, que pode ser superficial ou profundo. Devido às características inflamatórias e outras características patológicas das lesões, especialistas avícolas presumiram que a condição fosse dolorosa, afetando negativamente o bem-estar e o desempenho das aves (Rault e Matthews, 2014). Além dessas considerações, o impacto da DPF sobre o desempenho econômico da indústria avícola é muito importante porque causa rebaixamentos e condenações de patas de frango vendáveis. Nesse sentido, a receita dos Estados Unidos com patas de frango foi estimada em 270 milhões de dólares com a exportação para os países asiáticos em 2018 (Cang, 2020). Portanto, colher patas sem manchas se tornou uma das principais preocupações das empresas avícolas em todo o mundo.

O fator de risco mais crítico para o desenvolvimento da DPF é a condição da cama. A umidade da cama e a concentração de amônia das fezes acumuladas podem queimar a derme do coxim plantar, com um FPD aprimorado resultante do contato persistente dos pés com a cama molhada. A umidade faz com que a superfície da derme amoleça, representando um risco de contaminação microbiana, resultando em necrose (Freeman et al., 2020). Desencadeia o lixo úmido e, por sua vez, As causas do FPD incluem clima e meio ambiente, humidade relativa, ventilação e aquecimento, habitação, sistema de beber, material de cama, manejo de rebanho, saúde e doença, e nutrição. Dunlop et al. (2016) revisaram habilmente o papel dos fatores nutricionais em relação às questões da cama úmida, os principais fatores sendo polissacarídeos não amiláceos solúveis presentes em grãos viscosos (trigo, cevada) -problema resolvido usando carboidrases comerciais-, níveis excessivamente altos de Ca, P e Na em dietas suplementadas com fitase e água potável. Contudo, deve-se observar que outro fator dietético extremamente importante na origem da cama úmida e, consequentemente, de FPD são os prováveis ​​níveis elevados de galacto-oligossacarídeos indigestíveis da soja na ração.

Α-galactosídeos de soja, nem digerível nem completamente fermentável

Estaquiose e rafinose são os principais componentes dos α-galactosídeos ou oligossacarídeos de soja. Eles são açúcares simples que compreendem uma molécula de sacarose à qual estão ligadas unidades α-d-galactopiranosil em α-1, Ligações 6-galactosídicas (Figura 1).

Estaquiose e rafinose não podem ser digeridas no trato gastrointestinal devido à ausência de α-1, Atividade da 6-galactosidase na mucosa intestinal de animais monogástricos, que é necessário para quebrar o supramencionado α-1, Ligações 6-galactosídicas. Consequentemente, ambos os α-galactosídeos passam não digeridos para o intestino grosso, onde podem ser fermentados anaerobicamente por bactérias intestinais (Hill, 2003). Contudo, a fermentação intestinal de frangos de corte pode não ser tão eficaz quanto em porcos; particularmente em pintinhos, cuja microbiota intestinal ainda não se estabeleceu totalmente. Se a ração inicial do frango contiver altos níveis de α-galactosídeos de soja, alguns deles nunca serão fermentados no intestino grosso. Marteau e Boutron-Ruault (2002) relataram que carboidratos indigestíveis, como estaquiose e rafinose, exercem um efeito osmótico no trato gastrointestinal se não forem fermentados. Este alto efeito osmótico torna a digesta aquosa, o que reduz o tempo de trânsito da digesta no intestino do frango, resultando em um aumento na intensidade da diarreia e, subseqüentemente, no aumento da umidade da cama (Figura 2).

Perryman et al. (2013) relataram uma diminuição considerável na incidência de FPD ao reduzir o conteúdo de α-galactosídeos de soja na alimentação de frangos (Figura 3), o que corrobora o impacto negativo que esses compostos indigeríveis podem exercer sobre a saúde da coxa das galinhas.

Resumindo, quando seus rebanhos sofrem FPD, além de avaliar todos os fatores predisponentes relacionados ao clima, habitação e instalações, sistema de beber, material de cama, gestão e estado de saúde, será imperativo verificar a composição do feed, especialmente o feed inicial. Nesse sentido, entre outras estratégias nutricionais, a redução do conteúdo de oligossacarídeos de soja indigeríveis na ração inicial de frangos de corte ajudará a melhorar a DPF e contribuirá para o bem-estar dos frangos.


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