Reuters relata que a alta nos preços convenceu os agricultores brasileiros a plantar sua segunda safra de milho fora da janela de clima ideal este ano. Mas a safra foi atingida pela pior seca do país em cinco anos, reduzindo rendimentos.
Dada a demanda crescente nos mercados globais de grãos, uma escassez de milho pode espremer as margens de lucro no Brasil para alguns dos maiores produtores de proteína do mundo, incluindo JBS SA e BRF SA.
A JBS e a BRF não quiseram comentar sobre a pressão nas margens dos custos crescentes com ração.
O lucro líquido da JBS despencou 92% em 2016, em parte devido ao aumento dos custos de ração no Brasil, e os resultados anuais da BRF foram negativos.
O milho representa 40% do custo total de produção de suínos e frangos, diz Jorge Lima, um executivo do Sindicarne / ACAV, um lobby de carnes no estado de Santa Catarina.
Ele disse que há motivo para preocupação com os preços domésticos do milho, que mais que dobrou no ano passado, a um recorde de 100 reais por saca de 60 quilos. Os preços de outros ingredientes para rações, como farelo de soja, também estão subindo.
Para mitigar o problema, as empresas de carne pressionaram o governo brasileiro para cortar as tarifas de importação de grãos de vendedores fora do bloco comercial do Mercosul sul-americano e eliminar outros impostos que pesam sobre o setor.
Ricardo Santin, presidente do lobby nacional da carne ABPA, disse que as empresas estão melhor preparadas agora do que em 2016, quando a alta do milho deixou o setor cambaleando.
“As importações de milho estão aumentando e há um verdadeiro impulso para substituir parte desse cereal por trigo, "Disse Santin.
Apesar dos ganhos de eficiência na indústria de carnes, o chefe de agronegócio da consultoria de investimentos Criteria Investimentos, Rodrigo Brolo, disse que as empresas não podem repassar inteiramente os custos da ração aos consumidores, portanto, as margens da carne inevitavelmente sofrerão. O tamanho do impacto dependerá de quão bem as empresas fizeram o hedge.
A colheita começa em junho para a segunda safra de milho do Brasil, que cresceu dramaticamente na última década à medida que mais agricultores do país aproveitam o clima tropical para plantar milho em seus campos após a colheita da soja.
A segunda safra de milho do Brasil foi estimada em 90 milhões de toneladas no início da safra pela consultoria de agronegócio Céleres. Algumas semanas após a colheita, A Céleres baixou essa projeção para apenas 72,8 milhões de toneladas por conta da seca.
Em 2015/2016, o tempo igualmente seco causou uma redução de 15 milhões de toneladas na produção de milho do país, de acordo com a consultoria.
Contudo, As chuvas no Brasil nos primeiros cinco meses de 2016 foram maiores e mais bem distribuídas do que no início deste ano, disse o meteorologista Celso Oliveira.
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